Na construção civil, a escolha dos materiais certos pode impactar diretamente na durabilidade, funcionalidade e até no conforto de um ambiente. Entre as opções disponíveis para vedação e acabamento de paredes, as placas cimentícias e o drywall surgem como alternativas amplamente utilizadas.
Embora, à primeira vista, possam parecer semelhantes em função de seu uso comum em paredes internas e externas, esses dois sistemas possuem características bastante distintas. Neste artigo, vamos explorar as vantagens, limitações e os contextos ideais para cada um, ajudando você a tomar uma decisão mais consciente e adequada para cada tipo de projeto.
O que são placas cimentícias?
As placas cimentícias são painéis fabricados a partir de uma mistura de cimento, fibras sintéticas e minerais. Esse composto confere ao material uma elevada resistência mecânica e excelente desempenho em ambientes expostos à umidade ou variações climáticas. Por isso, são bastante empregadas em áreas externas, fachadas, beirais, ou em locais internos sujeitos a vapores e respingos, como cozinhas industriais e banheiros.
Além da resistência à água, as placas cimentícias se destacam pela estabilidade dimensional, ou seja, elas não dilatam ou retraem com facilidade diante de mudanças de temperatura. Essa característica é especialmente útil em projetos que envolvem revestimentos pesados ou acabamento direto sobre a placa, como cerâmica, porcelanato ou até pintura texturizada.
Outro diferencial é a durabilidade. Quando bem instaladas, essas placas suportam ações do tempo por muitos anos, com baixa necessidade de manutenção. Por isso, são consideradas uma solução de alto desempenho, ideal para quem busca um sistema construtivo mais robusto.
O que é o drywall?
Já o drywall, também conhecido como gesso acartonado, é composto por uma camada de gesso natural revestida por duas faces de papel cartão. Ele é amplamente adotado em ambientes internos, principalmente em construções residenciais e comerciais, por sua leveza, praticidade e rapidez de instalação.
O drywall permite a criação de divisórias, forros e sancas de maneira limpa e eficiente. Um de seus maiores atrativos é a versatilidade estética: pode receber pintura, papel de parede, textura ou até painéis decorativos com facilidade. Dessa maneira, o sistema proporciona boa performance termoacústica quando combinado com lã de vidro ou lã de rocha em seu interior.
Contudo, o drywall não é o material mais indicado para locais com alta incidência de umidade, a menos que se utilize versões específicas, como as chapas verdes (RU – resistentes à umidade), que ainda assim possuem limitações se comparadas às placas cimentícias.
Comparando resistência e aplicação
Na hora de decidir entre placas cimentícias e drywall, é essencial considerar o tipo de ambiente e o tipo de uso que a estrutura vai ter.
Ambientes internos secos, como salas, quartos e escritórios, são o terreno ideal para o drywall. Ele é mais leve, mais fácil de manusear e proporciona ótimo acabamento. Assim sendo, oferece vantagens em reformas, já que a instalação gera pouca sujeira e não exige tempo de cura, como no caso das alvenarias tradicionais.
Por outro lado, ambientes sujeitos à umidade constante, variações térmicas ou contato direto com a água pedem soluções mais resistentes. É nesse contexto que as placas cimentícias se sobressaem.
Elas são mais robustas, suportam intempéries e oferecem resistência superior ao mofo, às infiltrações e até a impactos físicos, tornando-se apropriadas para áreas externas, banheiros, lavanderias, cozinhas comerciais ou mesmo em fachadas ventiladas.
Instalação e manutenção
Quando se trata de instalação, o drywall leva vantagem em termos de agilidade. Sua estrutura metálica é leve e fácil de montar, o que reduz o tempo de obra e o custo com mão de obra especializada. Desse modo, o sistema permite alterações futuras com certa facilidade — abrir passagens para conduítes, adaptar tomadas ou redes de dados, por exemplo, é simples e rápido.
Já as placas cimentícias exigem mais atenção no momento da instalação. O peso maior demanda estruturas metálicas reforçadas e fixações específicas, o que pode encarecer a montagem. Com efeito, o corte das placas requer ferramentas apropriadas e cuidados com o manuseio para evitar fissuras.
Em termos de manutenção, ambos os materiais exigem cuidados pontuais. O drywall, se danificado por impactos ou vazamentos, pode precisar de substituição do trecho comprometido. Já as placas cimentícias têm maior resistência, mas também precisam de proteção adequada contra fissuras e trincas, especialmente nas juntas e conexões com outros materiais.
Desempenho termoacústico
Outro aspecto relevante é o conforto proporcionado pelos sistemas em termos de isolamento térmico e acústico. O drywall, principalmente quando utilizado com preenchimento interno de isolantes, oferece bom desempenho acústico, sendo frequentemente adotado em ambientes que exigem privacidade sonora, como consultórios, salas de reunião ou dormitórios.
As placas cimentícias, por sua vez, não têm naturalmente o mesmo desempenho acústico, mas podem ser combinadas com materiais isolantes se esse for um requisito do projeto. Em termos térmicos, elas apresentam menor isolamento em comparação ao drywall, o que pode ser uma desvantagem em locais com grandes amplitudes de temperatura.
Sustentabilidade e impacto ambiental
Em tempos de construções mais sustentáveis, é importante observar o impacto ambiental dos materiais. O drywall, por ser composto basicamente de gesso e papel, tem menor emissão de CO₂ na produção e pode ser reciclado, o que o torna uma opção interessante do ponto de vista ecológico.
As placas cimentícias, embora mais duráveis e resistentes, têm um processo produtivo mais intensivo em energia e em uso de cimento, o que resulta em maior pegada de carbono. No entanto, sua longa vida útil e a baixa necessidade de manutenção compensam, em parte, esse impacto inicial.
Qual escolher, afinal?
A escolha entre placas cimentícias e drywall depende fundamentalmente do ambiente onde serão aplicadas e da expectativa de desempenho a longo prazo. Se a prioridade for agilidade na obra, conforto interno e flexibilidade estética, o drywall tende a ser a melhor opção. Por outro lado, se o objetivo for durabilidade, resistência à umidade e exposição ao tempo, as placas cimentícias são imbatíveis.
Também vale considerar que, em muitos projetos, o uso combinado dos dois sistemas pode ser a solução mais eficiente. Por exemplo, é possível utilizar drywall nas áreas secas internas e placas cimentícias nas áreas molhadas ou externas, otimizando recursos e aproveitando o melhor de cada tecnologia.
Custo e desempenho
A evolução dos sistemas construtivos oferece ao mercado uma variedade de soluções adaptáveis às mais diversas demandas. Entender as diferenças entre placas cimentícias e drywall é fundamental para garantir a escolha mais apropriada, considerando não apenas o custo inicial, mas também o desempenho ao longo do tempo.
Projetar com inteligência é também saber escolher os materiais com base no uso real dos espaços, nas condições ambientais e nas necessidades do dia a dia. Com isso, o resultado final será sempre mais eficiente, durável e alinhado às expectativas de quem constrói e de quem vive os ambientes criados.